segunda-feira, 14 de julho de 2008

Absurdos que se vêem

Eis que vejo o comentário de um senhor bem alinhado, ao lado da esposa igualmente "bem vestida" (para os padrões deles, diga-se de passagem), dando um discurso entre magoado e cheio de razão à funcionária de uma casa de espetáculos sobre "trajes próprios para assistir um concerto". Hein? Na hora, me olhei para ver se eu estava adequado para os padrões do homem - sei lá, vai ver que para alguns, calça e camisa é ultrajente. Como ele não me olhou, continuou (mais ou menos assim):

- É louvável que essas pessoas (nessa parte entendi que eram as de roupas diferentes das dele) venham ao teatro, mas deve haver um ensino para que elas venham até aqui. Se eu viesse de chinelos, você ia gostar? Registre minha queixa, por favor.

Ele reclamava das roupas que certos ocupantes do mesmo tipo de cadeira que ele, ali no teatro, estavam vestindo. Pessoas que tinham tanto direito de estarem ali quanto ele, ressalto. Mas... se o teatro não exige, não há normas dos artistas que estão se apresentando... não deveríamos ir como nos sentimos melhor? Com isso, comento:

a) Meu caro senhor, se o quiser vir de chinelos, problema seu. Está frio, vai congelar o mindinho do pé.

b) Ninguém estava mal vestido - até porque isso é subjetivo demais. Estavam todos à sua moda, cultura, padrão. Mas todos estavam ali, e ninguém roubou ingresso para tanto. Aliás, o senhor foi convidado?

c) Se perdeste tanto tempo olhando as roupas, como estava o espetáculo?

d) Barulho em cinema incomoda. Eu não sabia que roupa atrapalhava concertos.

e) Meu caro senhor: sexo, nem pensar?

Sim, sou malvado e bobão.
Mas esse senhor era pior.
E classista.

Leia ouvindo:
"Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua"
Quem te viu, quem te vê - Chico Buarque

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